
Com o primeiro voo comum de helicóptero realizado neste sábado (24/08), Estados Unidos e Turquia inauguraram o funcionamento pleno de um “centro de operações conjuntas”.
O estabelecimento, proposto por Washington, objetiva coordenar uma “zona de segurança” no Nordeste da Síria. A aliança surgiu como uma forma de evitar nova ofensiva dos turcos contra as Unidades de Proteção Popular (YPG, acrônimo curdo), braço armado do Partido de União Democrática sírio (PYD, em curdo), que recebe ajuda externa de Estados Unidos e Europa nos combates contra o autoproclamado Estado Islâmico (EI). No anúncio, feito pelo ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, não foram fornecidos detalhes sobre os limites e as atividades planejadas para a zona.
No início de Agosto, o secretário de Defesa estadunidense, Mark Esper, classificara como “inaceitável” para seu país eventuais ataques turcos contra os curdos sírios, imbróglio que, por ora, parece resolvido, apesar do governo de Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, categorizar como “grupo terrorista” o YPG.
Confrontos
As batalhas em território sírio continuam, com o avanço das tropas do exército nacional, que obtiveram importantes vitórias na disputa pelo controle das províncias de Hama e Idlib – sendo a primeira localizada mais ao sul da segunda, que fica situada na fronteira com a Turquia.

Os confrontos ao longo da última semana resultaram em um saldo de cerca de 100 cidades e vilarejos recapturados pelos militares, retomada de 12 montanhas consideradas estratégicas para o combate e a interceptação de rotas de suporte usadas pelos rebeldes, incluindo a descoberta de uma rede de túneis, segundo informações do canal Alikhbaria TV veiculadas pelo site Syria Times. A ofensiva preocupa Ankara, que busca prevenir-se das ondas de refugiados da nação vizinha.
O movimento põe em risco instalações turcas de observação, localizadas naquele território, o que tensiona ainda mais a relação entre os dois países. Segundo o governo de Bashar al-Assad, presidente sírio, esses pontos são usados para o reabastecimento de armas dos militantes do Hay’at Tahrir al-Sham, o braço da Al-Qaeda na Síria, que atuam na região. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Turquia, Hami Aksoy, por sua vez, garantiu que seu país manteria suas posições a despeito da operação do exército do país vizinho, negando que haja cerco das instalações. “O nono posto de observação na cidade de Morek permanece em seu ponto inicial apesar da queda da cidade. O exército sírio retomou o controle da cidade de Khan Sheikhoun,” afirmou Aksoy ao site Sputnik (em tradução livre).
Crise Humanitária
Após oito anos de conflitos, mais de cinco milhões de sírios refugiaram-se no Líbano, na Turquia e na Jordânia, países vizinhos. Os últimos embates na região Noroeste da Síria forçaram cerca de meio milhão de civis a fugir para a fronteira turca, a mais próxima. Considerados um fardo para as economias desses países, os sírios encontram cada vez mais barreiras para sair das zonas de guerra.
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