
Ruth Davidson, liderança do Partido Conservador (Tory) escocês, renunciou ao cargo alegando que a decisão foi motivada por “conflito sobre o Brexit” e desejo de passar mais tempo com seu parceiro e filho.
Com informações do The Guardian.
Davidson, que deu à luz a seu primeiro filho em novembro, confirmou que continuaria no parlamento escocês até 2021, mas disse que “a ameaça de passar centenas de horas longe de minha casa e família [para combater outra eleição] agora me enche de medo, e isso não é maneira de liderar”.
Ela acrescentou: “Vocês todos sabem e eu nunca tentei esconder o conflito que senti sobre o Brexit. Apesar desse conflito, tentei traçar um caminho para nosso partido que reconheça e respeite o resultado do referendo”. Explicando que o trabalho dela sempre veio em primeiro lugar, muitas vezes em detrimento de seus relacionamentos pessoais, Davidson disse: “A chegada do meu filho significa que agora faço uma escolha diferente”. Ela insistiu que já estava planejando sua saída antes do primeiro-ministro Boris Johnson anunciar a suspensão do parlamento na quarta-feira (28/08).
A saída de Davidson da linha de frente é considerada um golpe significativo não apenas para seu partido, mas para o futuro do Reino Unido. Depois de conquistar a liderança da agremiação em 2011, aos 32 anos – poucos meses após ser eleita como parlamentar pela primeira vez – Davidson iniciou uma remodelação abrangente dos Conservadores Escoceses, mudando sutilmente a ênfase política e trazendo pessoas talentosas que não se encaixavam no perfil conservador tradicional.
Nas eleições para o parlamento escocês de 2016 o Partido Conservador alcançou seu melhor desempenho nos últimos 25 anos. Nas eleições gerais, um ano depois, foram eleitos 13 parlamentares conservadores na Escócia – um resultado essencial para a governabilidade da então primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.
Davidson continua a lançar dúvidas sobre a liderança de Boris Johnson, dizendo que ela se recusaria a apoiar um Brexit sem acordo.
Há especulações de que Davidson gostaria de ver uma transferência suave para seu vice, Jackson Carlaw, que era líder interino enquanto ela esteve em licença-maternidade. Outros nomes apontados como potenciais sucessores incluem Adam Tomkins, porta-voz do partido, e o porta-voz da área de saúde, Miles Briggs.
A suspensão do parlamento britânico anunciada por Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, está lançando ondas de choque sobre todo o Commonwealth britânico. Protestos estão sendo convocados por lideranças de oposição e algumas manifestações já estão ocorrendo em algumas cidades. Ontem, a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, afirmou que a medida tornou a independência escocesa “inevitável”, e acusou Johnson de agir como um ditador.