
Com informações de El Nacional
Uma série de documentos revelam segredos da inteligência venezuelana sobre como o Exército da Libertação Nacional (ELA) e dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) seriam utilizadas pelo regime de Nicolas Maduro para desestabilizar a Colômbia. Os documentos, cuja revista colombiana Semana obteve acesso, pertencem ao Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) e ao Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (CEOFANB).
De acordo com a informação publicada periodicamente, o regime de Maduro oferece proteção e colaboração a grupos armados clandestinos colombianos que se escondem e operam a partir do território venezuelano. Também evidenciam que agentes do poder venezuelano colaboram com as guerrilhas colombianas para poder planejar operações em conjunto e efetuar possíveis ataques terroristas em território colombiano.
Os documentos
O primeiro documento, datado do dia 9 de agosto, é um memorando firmado pelo almirante Romigio Ceballos, comandante estratégico da FANB. É direcionado a generais de comando do Exército Bolivariano, da Guarda Nacional Bolivariana e da Milícia Bolivariana. Também as unidades militares subordinadas: REDIS, Zodis e Adis. “(Os informa) muito respeitosamente através da presente comunicação que, por ordem do presidente Nicolás Maduro Moros, deverão evitar enfrentamento com o pessoal dos grupos vermelhos nas zonas de treinamento e abastecimento desde 080106002019 até segunda ordem. Será fornecido apoio logístico e treinamento”, diz o documento. Este também contém uma parte denominada instruções especiais para complemento das ordens: “Encaminho coordenadas aos centros de treinamento para o cumprimento da ordem. Garantir os direitos humanos e satisfazer necessidades básicas de higiene e alimentos”.
A revista também informa sobre um memorando confidencial emitido pela Direção de Bases Territoriais e Contrainteligência ao diretor de contrainteligência da SEBIN. Esse documento relaciona as “localizações do pessoal e acampamentos do Exercito de Libertação Nacional (ELN)”. Seu anexo contém um mapa com a localização dos guerrilheiros que se encontrariam em toda a Venezuela, segundo Semana. A revista revela que as guerrilhas colombianas outorgam informações à Maduro sobre infraestrutura petrolífera, instalações militares e policiais; também aeroportos, portos e até rodovias e pontes. “São varias coisas surpreendentes com esse documento secreto. Uma delas, possivelmente a mais grave, o alto grau de detalhe e conhecimento do território colombiano”, diz Semana.
A fronteira
Semana indicou que existe uma diretriz que ordena dar treinamento capacitação aos guerrilheiros nos estados venezuelanos de Zulia, Apure, Amazonas e Mérida. Tal informação confirma que o regime venezuelano tem conhecimento da presença de grupos armados clandestinos colombianos dentro da Venezuela e que os protege. A investigação da revista também dá a entender sobre a presença de agentes venezuelanos disfarçados em meio das zonas de reincorporação dos dissidentes das FARC.
Tensão
A reportagem de Semana surge em novo momento de tensão entre Colômbia e Venezuela. Alguns dias atrás, Maduro anunciou que instalará um sistema de mísseis antiaéreos na fronteira e também ordenou exercícios militares. O presidente colombiano, Iván Duque, respondeu que o governante do país petroleiro não deve responder com “bravatas”. Duque insistiu que Maduro protege as lideranças do ELN, assim como “Ivan Márquez”, “Jésus Santrich” e outros grupos de dissidentes das FARC, que abandonaram o processo de paz e retomaram as armas.
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