
Com 99% dos votos contabilizados, as eleições legislativas ocorridas ontem em Portugal foram reflexo da ampla aprovação da população portuguesa ao governo do primeiro-ministro António Costa, que recuperou a economia do país.
No entanto, apesar de seu partido, o PS (Partido Socialista), ter conseguido maioria, não obteve um número suficiente de cadeiras no parlamento para governar isolado (seriam necessários 116 assentos, dez a mais do que foram obtidos). Será necessário buscar parcerias com outros partidos de esquerda, repetindo o expediente utilizado nos últimos quatro anos, quando fechou uma aliança com o PCP (Partido Comunista Português) e o BE (Bloco de Esquerda) – gerando o que ficou conhecido como “Geringonça”. Diante da possibilidade do que já está sendo chamado na imprensa lusitana de “Geringonça 2.0”, o BE, que cresceu e se tornou o terceiro maior partido do parlamento, em declaração oficial, já se colocou à disposição do PS para fechar cooperação.
A abstenção foi alta e bateu um novo recorde, com mais de 45% dos eleitores não indo às urnas. O PSD (Partido Social-Democrata, que apesar do nome tem algumas propostas liberais de centro-direita), de Rui Rio, encolheu significativamente. O mesmo ocorreu com o CDU (Coligação Democrática Unitária), uma coligação formada pelo PCP e pelo PEV (Partido Ecologista “os Verdes”). Três novos partidos ingressarão na Assembleia da República: Iniciativa Liberal, Livre e Chega. Cada um deles elegeu um deputado. André Ventura, presidente do Chega e deputado eleito, tem propostas populistas de extrema-direita e por vezes é chamado de “Bolsonaro Português” ou “Salvini Português”. João Cotrim Figueiredo será o deputado do Iniciativa Liberal, enquanto Joacine Moreira representará o Livre.
A grande surpresa da apuração foi o anúncio feito por Assunção Cristas, líder do CDS-PP (Centro Democrático Social – Partido Popular; um partido conservador cristão), de que deixará a liderança de seu partido e não se recandidatará nas próximas eleições. Não ficou claro se ela assumirá a cadeira conquistada nas eleições de ontem.
Uma vez que Portugal é um país parlamentarista e suas eleições ocorrem por sistema de lista fechada, as eleições legislativas são essenciais no jogo de poder para determinar quem será o próximo primeiro-ministro, que desempenha a função de chefe de governo – o ocupante do cargo é escolhido pelos deputados em votação indireta. Dada a nova conformação do parlamento, é altamente provável que António Costa, do PS, seja reconduzido ao cargo. O atual chefe de estado de Portugal é o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que já foi membro do PSD mas atualmente se encontra sem partido.
Confira abaixo o percentual de votos e o número de cadeiras legislativas obtido por cada partido no parlamento.
