
Com informações da BBC e The Guardian
Começou nessa segunda (01/12) o encontro anual da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019, a COP25, realizada em Madrid, capital da Espanha. É a vigésima quinta edição do evento que vai reunir mais de vinte e nove mil lideranças políticas, ativistas, diplomatas e especialistas sobre o clima nas próximas duas semanas.
O senso de urgência para tratar do assunto é reverberado pelo secretário-geral da ONU António Guterres. “O ponto de não retorno não está mais além do horizonte”, disse. “Os próximos 12 meses serão cruciais, e é fundamental garantir compromissos nacionais mais ambiciosos, particularmente dos maiores emissores, que comecem imediatamente a reduzir de forma consistente os gases do efeito estufa até alcançarmos uma neutralidade do carbono até 2050”, afirmou.
A ONG Save The Children publicou um relatório às vésperas do evento tratando também da urgência e do impacto das mudanças climáticas ao redor do planeta. Segundo a ONG, as mudanças climáticas já causaram a morte de 33 milhões de pessoas de fome na África, sendo metade crianças.
“A crise climática está acontecendo aqui, e está matando ou forçando as pessoas a deixarem suas casas, arruinando as possibilidades de um futuro para essas crianças”, diz Ian Vale, da ONG.
A reunião da COP permitiu que o Acordo de Paris fosse ratificado e assinado em 2015 por 195 países. Contudo, os EUA já notificaram a ONU da sua saída do acordo, e seu presidente, Donald Trump, também não irá participar do evento na capital espanhola.
A COP25, que seria realizada no Brasil, passou para o Chile – mas, devido aos protestos no país, ela acabou sendo transferida para a Espanha.
A União Europeia planeja estender seu programa de financiamento de “iniciativas verdes” para abranger mais países do bloco. Porém, lobistas de conglomerados no ramo de combustíveis fósseis estão tentando enfraquecer a proposta, segundo o relatório publicado pela InfluenceMap. O órgão diz que as empresas querem propor que as emissões de gás para gerar eletricidade sejam consideradas como sustentáveis, embora continuem a emitir gases que provocam o efeito estufa.
Ed Collins, que liderou a publicação do relatório, disse que o processo de taxação sobre a emissão desses gases corre risco com o lobby dessas empresas. “Nossa pesquisa mostra como os interesses adquiridos correm o risco de afastar o processo crítico de taxonomia da UE de ser orientado pela ciência e se concentrar em impactos do mundo real em prol de um que apoie interesses limitados e o status quo em finanças e sustentabilidade”, comentou.
Outro relatório publicado ainda em 2019 mostra que as cinco grande companhias de gás e petróleo no mundo – British Petroleum, Shell, Chevron, ExxonMobil e Total – já investiram, em lobby, mais de R$1 bilhão na União Europeia desde 2010.