
O governo da Arábia Saudita instou o grupo separatista Conselho de Transição do Sul (STC, em inglês), que declarou autogoverno no sul do Iêmen, a cumprir um acordo para encerrar um impasse anterior com o governo do país.
A declaração do STC, no domingo, que incluiu regras de emergência nas regiões que ocupa, ameaça renovar o conflito dentro do Iêmen.
O governo atual do Iêmen faz parte de uma aliança militar da Arábia Saudita para combater o movimento houthi do Iêmen, alinhado ao Irã, que derrubou o governo internacionalmente reconhecido na capital, Sanaa, no final de 2014.
“Qualquer medida contrária ao acordo de Riyadh deve ser cancelada”, disse o gabinete saudita em comunicado divulgado na terça-feira, referindo-se a um acordo de compartilhamento de poder feito entre o STC e o governo em novembro.
A reunião virtual do gabinete saudita foi presidida pelo rei Salman. A agência de notícias estatal SPA postou imagens do monarca e de seu filho (e governante de fato), o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, participando de locais separados.
A coalizão liderada pela Arábia Saudita descreveu na segunda-feira o anúncio do STC de regras de emergência no sul, incluindo a instalação de uma sede provisória de governo em Aden, como uma “ação escalatória” em um momento em que todas as partes deveriam se concentrar em enfrentar o novo coronavírus.
O gabinete também elogiou a coalizão por prolongar por um mês um cessar-fogo em todo o país devido ao coronavírus, que Riyadh disse que também ajudaria a aliviar o sofrimento dos iemenitas durante o mês sagrado do Ramadã, que começou na sexta-feira, e apoiar os esforços de paz da ONU.
Os Estados Unidos saudaram o anúncio do cessar-fogo da coalizão, informou nesta quarta-feira a TV Al-Arabiya, de propriedade da Arábia Saudita, citando o secretário de Estado adjunto dos EUA para assuntos do Oriente Próximo, David Schenker.
O Secretário de Estado Mike Pompeo disse que Washington está “preocupado” com a declaração de autogoverno do STC, alertando que tais ações ameaçam os esforços para reavivar as negociações entre o governo iemenita e os rebeldes houthis.
“Tais ações unilaterais apenas exacerbam a instabilidade no Iêmen”, afirmou Pompeo em comunicado na terça-feira.
“Eles são especialmente inúteis no momento em que o país é ameaçado pelo COVID-19 e também ameaçam complicar os esforços do Enviado Especial da ONU para reviver as negociações políticas entre o governo e os rebeldes houthis”.
Pompeo também pediu ao STC e ao governo internacionalmente reconhecido do Iêmen que “se envolvam novamente no processo político previsto no Acordo de Riyadh”.
O Iêmen está envolvido em conflitos desde que a coalizão interveio em março de 2015 contra os houthis, que controlam Sanaa e a maioria dos grandes centros urbanos. Eles não aceitaram a trégua. A guerra matou mais de 100.000 pessoas e levou milhões à beira da fome.