
O chefe de segurança cibernética de Israel disse que o país impediu um grande ataque em seus sistemas de água no mês passado. Ele disse que foi a primeira tentativa de usar a tecnologia cibernética para atrapalhar a vida real.
Autoridades israelenses consideram que o ataque pode ter sido realizado pelo Irã.
O ataque foi uma tentativa “sincronizada e organizada” de interromper as principais infraestruturas nacionais, disse o chefe de segurança cibernética do país, Yigal Unna, em um vídeo para a CyberechLive Asia, uma conferência digital internacional.
“Se os bandidos tivessem sucesso em sua trama, agora estaríamos enfrentando, no meio da crise do coronavírus, danos muito grandes à população civil, falta de água, e ainda pior do que isso”, afirmou.
Se a Diretoria Nacional de Cibernética de Israel não tivesse detectado o ataque em tempo real, os produtos químicos poderiam ter sido misturados à fonte de água do país nas proporções erradas, causando um resultado “prejudicial e desastroso”, disse Unna.
Seu escritório divulgou uma breve declaração após o ataque ter sido frustrado. Mas as observações de Unna foram o primeiro relato oficial de eventos. “Faz parte de algum ataque a Israel e à segurança nacional de Israel, e não para benefício financeiro”, disse ele.
“O ataque aconteceu, mas o dano foi evitado e esse é o nosso objetivo e a nossa missão. E agora estamos no meio da preparação para a próxima fase, porque ela virá”.
Unna não se referiu diretamente ao Irã em seu discurso, nem mencionou um ataque cibernético a um porto iraniano no início deste mês. Presume-se que esse ataque tenha sido um ato de retaliação por parte de Israel.
Israel não comentou oficialmente o ataque ao porto. Mas, em uma entrevista de rádio, o ex-chefe da inteligência militar israelense, Amos Yadlin, comentou: “O ataque mostrou a capacidade cibernética de uma potência mundial. Parece que essa foi uma mensagem clara de Israel ao Irã: não ouse tocar nos sistemas civis, o sistemas de água e eletricidade em Israel, que foram atacados no mês passado. Vocês, os iranianos, são mais vulneráveis do que nós”.
Inimigos amargos, Israel e Irã têm se engalfinhado há anos com hackers e alta tecnologia.
Unna disse que a tentativa de agressão aos sistemas de água de Israel foi a primeira vez na história moderna que “podemos ver algo assim com o objetivo de causar danos à vida real, não à TI ou aos dados”. Desenvolvimentos recentes deram início a uma nova era de guerra cibernética, disse ele. “O inverno cibernético está chegando, e chegando ainda mais rápido do que eu suspeitava”, disse ele. “Estamos apenas vendo o começo”.